Entrevista com Ananda V. - Autora do Livro "O Círculo dos Imortais - Do Éden à luxúria"

  • Blog do Argonauta:  - Oi Ananda, tudo bem?
  • Ananda V.: - Tudo ótimo, e com você?
  • Blog do Argonauta: - Tudo bem. Me conta um pouco sobre como surgiu a ideia de escrever o seu livro.
  • Ananda V.: - Na verdade, foi mais uma necessidade do que uma ideia. Eu sempre gostei bastante de ler e, em certo ponto, isso passou a não ser suficiente. Eu precisava escrever também. Não sei exatamente como o enredo surgiu, mas foi gradativo, um processo que demorou certo tempo para crescer. As ideias não brotaram simplesmente na minha cabeça; elas foram nascendo, pouco a pouco, até criarem raízes e se firmarem.
  • Blog do Argonauta: - Entendo. O círculo dos imortais - do Éden à Luxúria, já vi como está a capa e acho que ficou magnífica a arte, a cor, tudo muito bem feito e atraente. O que você pode dizer sobre o que o leitor encontrará no mundo por trás da capa.
  • Ananda V.: - A capa é muito fiel ao enredo do livro. Ela traz o conflito central da protagonista, a Melissa Saccer: de um lado, o Éden, seu porto-seguro, ainda que decadente. E, do lado oposto, a luxúria, o pecado que traria consigo não apenas verdades ocultas, mas também sua perdição. "Do Éden à Luxúria" é uma obra que nos faz aprender sobre confiança, traição, redenção e a como procurar forças dentro de nós mesmo.
  • Blog do Argonauta: - Interessante. É uma leitura pra qualquer idade ou você tem um público alvo?
  • Ananda V.: - É uma leitura adequada para todas as idades, mas eu sugiro que os leitores saibam de onde os bebês vêm. (Risos). No livro, nós temos o Devil's Throat, um bar cuja clientela se divide entre mafiosos e prostitutas... às vezes, você pode esbarrar em um palavrão, ou em alguém alegremente consumindo alguma coisa ilícita.
  • Blog do Argonauta: - Ok. Muito bem, valeu o alerta. (Risos)
  • Ananda V.: - Estou à disposição. (Risos)
  • Blog do Argonauta: - Agora me conta um pouquinho sobre suas expectativas. Os seus leitores podem esperar uma sequência do seu primeiro livro?
  • Ananda V.: - Bom, eu espero que as pessoas se identifiquem com os personagens, que os amem tanto quanto eu. "Do Éden à Luxúria" é uma daquelas histórias cheias de reviravoltas, surpresas e desafios. Eu particularmente acho bastante excitante, e espero que os leitores concordem. (Risos).
  • E, sim! "Do Éden à Luxúria" é o primeiro volume de uma trilogia chamada "O Círculo dos Imortais"
  • Blog do Argonauta: Que bacana. Bom, Ananda. Muito obrigado pelo seu tempo, e pra finalizar deixe pra gente notícias sobre o lançamento, links para os seus fãs e para a compra do seu livro é claro.
  • Ananda V.: - Obrigada pela oportunidade também.
Acesso os links abaixo para saber um pouco mais sobre a autora e sua obra: 

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  • Título: Trilogia O Círculo dos Imortais - Do Éden à Luxúria vol. 1




PRÓLOGO

"O caminho do inferno está pavimentado de boas intenções." – Karl Marx.



LONDRES, 1898.

      Uma brisa invernal irrompia através da janela aberta, sibilante e calma. As cortinas de seda fina agitavam-se sob sua ação, assim como os longos fios do cabelo dourado e cintilante da jovem sentava defronte ao espelho. Penteava-os cabelos com delicadeza, o som áspero da escova ecoando baixo. Os fios delicados pareciam reluzir como ouro em reflexo à luz quente produzida pelas velas de chamas inconstantes. A jovem tremeu delicadamente, o frio penetrando em sua carne até lamber os ossos. Trajando apenas um quimono oriental branco de tecido fino que ganhara de seu pai – um aristocrata de uma notável família – ela abraçou seu corpo diminuto e magro com ambos os braços delicados. 
   De fato, não compartilhavam da mesma linhagem sanguínea nobre, mas ambos jamais se tornariam conscientes deste fato. 
Numa ação carregada de frustração, ergueu-se para fechar a janela. Seu amante não viria essa noite? Sentia-se ferida, solitária em um quarto inteiramente vazio, úmido e desolado. Seu rosto entorpeceu, as lágrimas turvando sua visão.
      Mas, quando se virou, contemplou a figura austera postada atrás de si. 
Não qualquer homem: era alto, um belo rapaz de pele macia, cabelos escuros e lisos que pendiam em seus ombros, roçando na lapela de seu paletó negro de bom corte. Ela resfolegou, sua mão tocando o peito em função da surpresa. Sentiu no interior de sua palma o desencadear de uma série de batimentos frenéticos. O homem sorriu, uma cruza entre paixão, desejo. Ela sentiu seu corpo febril – estava queimando, sublimemente. As maçãs do rosto, bem como o pescoço, ardiam, entorpecidos pelo fogo. 
Incapaz de conter a euforia que a consumia, ela sorriu. Em resposta, o homem inclinou amplamente seus fortes braços, convidando-a para o interior de seu abraço. O cabelo da jovem, que pendia em sua cintura fina, agitou-se enquanto ela flutuava em direção ao seu amante. Ele beijou seus cabelos, a bochecha dela esmagada contra os botões frios de sua camisa, sentindo a maciez do tecido. Imaginou se a carne de seu peitoral seria tão suave quanto. 
       - Senti sua falta – murmurou, sua voz de soprano soando frágil, infantil. – Me desesperei ao pensar que não viria essa noite.
      O homem uniu suas mãos longas as delas, que eram pequenas, frágeis. Removeu sua cartola, pondo-a sobre a penteadeira de mogno, ao lado de um pequeno porta-joias de onde pendiam colares de pérola, pedrarias valiosas de todos os tipos, tamanhos e cores. Sentaram-se à cama em seguida, a jovem em puro deleite, sofrendo por antecipação enquanto os olhos claros do homem a sua frente vacilavam entre seu rosto e a cama. Iria ele tomá-la em seus braços de uma maneira ousada como sua governanta Gertrude dissera que jamais deveria admitir que um homem o fizesse? Seu coração deu solavancos no interior de seu peito; ela mal podia respirar.
    - Essa é uma noite especial – o rapaz, de voz cálida e sensual disse, aplicando um beijo nas costas de sua mão.     – Não há melhor lugar em toda Inglaterra além deste no qual me encontro.
   A jovem sorriu ainda mais, orgulhosa de si. Ele se aproximou ainda mais, seus dedos frios invadindo o interior do seu quimono, abaixando as mangas até a dobra de seus cotovelos. Ela tremeu, em partes por prazer, em partes pelo frio que sua pele recentemente exposta sentira. Os lábios do homem encontraram seu ombro, fazendo com que calafrios pipocassem em sua nuca, o braço pontilhando enquanto seus pelos de eriçavam.
   - Oh, querido, eu...
   - Shhhhh – sibilou ele, posicionando um dedo contra seus lábios. – Não diga nada.
    Ela obedeceu prontamente, fechando os olhos com força quando ele pressionou seus lábios contra os dela.
  - Eu te amo – ele disse. Sua voz carregava toda paixão que ela só encontrava nos livros que roubava dos criados, e que mantinha sob o forro de sua cama, lendo-os apenas no silêncio das madrugadas. Ele era o seu amante proibido. Seu amante carnal e cortês. O termo lhe causava arrebatadora felicidade, paixão que lhe roubava o fôlego. – Você é a coisa mais preciosa que possuo. 
    - Suas palavras são tão doces – ela sussurrou, tremendo. Deitou-se sobre os lençóis, a lua derramando sua luz prateada sobre seu corpo nu. Ela queria pertencer a ele como uma mulher pertencia a um homem. Inteiramente, intimamente. 
Eternamente. 
     Os olhos chamejantes do amante esquadrinharam seu corpo, famintos. Pareciam mais claros essa noite, num tom que lembrava prata derretida. O efeito da lua, talvez? Ela não se preocupou com esse fato em particular. O homem posicionou sua mão em seu queixo, tombando sua cabeça para trás para que pudesse aplicar um beijo em seu pescoço. A jovem respirava de maneira audível, incapaz de ocultar seu desejo.
      - Porque essa noite é tão especial? – questionou, sua voz entrecortada.
     Ela sentiu seu hálito quente soprando em seu ouvidos antes mesmo de ouvir suas palavras. Seu corpo estava úmido de prazer, excitação em seu estado mais genuíno. 
    A jovem garota, de apenas dezessete anos, jamais se esqueceria das seguintes palavras que foram sussurradas de maneira intensa, fria e cruel. Jamais esqueceria a imagem bestial que as feições do homem assumiram, desfigurando-se em algo demoníaco. O grito sufocado em sua garganta jamais seria ouvido.
      - Porque, minha querida, essa noite – ele apertou seu rosto entre seus dedos – você irá morrer.

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