Entrevista com Bruno Almeida, baixista na banda Aeroplano



  • Blog do Argonauta: - E aí, Bruno tudo bem?
  • Bruno Almeida: - Tudo bem, Edinei. Valeu pelo convite e pela lembrança.
  • Blog do Argonauta: - De nada, é uma alegria poder mostrar a mais pessoas um pouco mais sobre a música e a banda. Bom, pra começar, diz aí pra gente, como surgiu a banda Aeroplano?
  • Bruno Almeida: - Cara, Diego (guitarra) e eu, lá pra 2002-2003, tínhamos tocando em uma banda juntos, já com músicas autorais. Felipe (batera) e Éric (vocal e guitarra) tocavam em uma banda cover na noite. Mas o que meio que uniu todos nós, foi o fato de termos estudados todos na mesma escola, eu na mesma sala que o Diego durante o ensino médio, Felipe e Eric desde crianças. Aí, ensaiando, só pra fazermos umas músicas juntos, vimos que algumas ficaram legais, isso lá pra 2005. Gravamos e ..., de repente muita gente gostou, Rádio e tudo mais, shows cheios, festivais, meio que tudo veio naturalmente.
  • Blog do Argonauta: - É verdade, o primeiro disco de vocês teve uma visibilidade muito boa, eu cheguei a ver o clipe da música "Estou bem mesmo sem você" em alguns canais de música na Tevê, como MTV e music box brasil.
  • Bruno Almeida: - Isso foi legal. Em 2005-2006 a gente lançou um EP, um de capa branca com um bicho na frente. Em 2007 lançamos um CD demo horrivelmente gravado, mas a capa era linda (risos). Em 2011 lançamos o Voyage, que tem a faixa "Estou bem mesmo sem você", a do clipe e tal. Em 2014 foi o Ditadura da felicidade.
  • Blog do Argonauta: - Bacana. E quais as influências musicais da banda no início e o que mudou nesse novo disco o "Ditadura da felicidade"?
  • Bruno Almeida: - Rapaz, em 2005 até antes do Voyage a banda era meio bizarra. Como tinham dois Caras compondo e cantando, Diego e Eric, ficava um troço meio esquizofrênico. (Risos).
  • Blog do Argonauta: - (Risos). Imagino.
  • Bruno Almeida: - No comecinho da banda o Diego queria fazer algo no rumo do que via nas festas em que Eletrola, Stereoscope e Suzana Flag tocavam, agitando e entoando refrões. Uma banda de público mesmo. Eric já tinha umas composições mais introspectivas. Como ele cantava melhor e era mais carismático, sei lá, Diego decidiu parar de cantar e se dedicou só a tocar. Depois começou a produzir, se inteirar mais em equipamentos.
  • No Ditadura da felicidade, eu acho que esse equilíbrio chegou no ponto ideal. A banda toda pensa muito parecido hoje, musicalmente e em relação aos temas que o disco aborda. Bandas de referência hoje são Wilco, Radiohead... E mais um monte que cada um ouve em casa.
  • Blog do Argonauta: - Entendi. Os dois álbuns têm músicas muito legais, e vejo mesmo uma coesão muito mais bem formada no segundo disco que, ao meu ver, é uma crítica e um convite a reflexão sobre essa "ditadura da felicidade". Fala pra gente um pouco sobre qual seria a mensagem chave da banda nesse disco.
  • Bruno Almeida: - O Ditadura da felicidade, com esse nome tem alguns vários significados pra gente. Vem de várias conversas, sobre os temas abordados nas músicas, sobre os modelos de felicidade que a sociedade tem como inabaláveis. Sobre as futilidades nos "Facebooks" da vida, fotos de Instagram, etc. Todo esse esforço miserável que todo mundo faz na propaganda de sua felicidade, prestando conta das suas vidas.
  • Tem também o lance de "você só será feliz se for sóbrio" ou "felicidade só reside na família tradicional". E mesmo a ditadura da felicidade na manifestação artística do local em que vivemos. Será possível conseguir algum destaque com o trabalho musical de alguém no Pará sem se vestir florido, colorido, tocando música alegre?
  • Enfim, são muitas ditaduras, mas também não é reclamação ou protesto, só uma observação mesmo.
  • Blog do Argonauta: - Ok. Tem uma música "Drogaditos" eu ouvi, ri, e vi que a vida de uma grande parte da população é mesmo levada a base de comprimidos para todo tipo de problema, infelizmente, esse consumo desregrado de remédios é muito comum mesmo.
  • Bruno Almeida: - Sim, sim. Nessa época, o Éric estava fazendo um trabalho sobre consumo de fármacos, algo assim. E o assunto ficou na cabeça dele.
  • Blog do Argonauta: - Mas também tem "Ginastas" e "Em si" que, na minha opinião, trazem e demonstram um fio de esperança nisso tudo, e a força que nos mantém seguindo, conscientes da realidade que nos cerca, sem se deixar suprimir emoções que precisam ter o seu lugar, sua vez, pra gente não explodir ou enlouquecer. É, de fato, um disco para ouvir, curtir e pensar.
  • Bruno Almeida: - É verdade, rola isso mesmo. É a resposta à ditadura dos modelos de felicidade. "Nós podemos viver tudo" e tal.
  • Blog do Argonauta: - Na faixa Ginastas, esse trecho "... Não tire desse olhar nenhuma gota, deixe derramar a dor que se solta. Que obrigação Toda é essa De aterrissar com os pés no chão? ..." . Eu penso que é bem assim mesmo, é preciso dar o lugar devido a cada sentimento, e "viver tudo"!
  • Bruno Almeida: - Isso! Estamos vivos, não é? Só não se dá mal que está morto. Chorar faz parte da vida, as coisas dão errado mesmo. Nem por isso essas experiências são menos preciosas do que as bem-sucedidas.
  • Blog do Argonauta: - Sem dúvida. Agora pra finalizar, conta pra gente aí, quais os planos da banda, algum trabalho novo em andamento?
  • Bruno Almeida: - Ah. Sim, agora mesmo estamos editando vídeo e áudio de um ao vivo que fizemos. É um passeio pelos 10 anos de banda. Imagino que ele fique pronto em setembro.
  • Blog do Argonauta: - Bacana. Bem legal.
  • Bruno Almeida: - Depois a gente deve dar uma parada geral pra esperar o nascimento dos nossos filhos. Estão todos engatilhados nas barrigas das mães. (Risos).
  • Blog do Argonauta: - Tá certo. (Risos). É isso aí. Valeu mesmo pela entrevista e desejo muito sucesso e felicidade real (risos) para todos vocês e as respectivas famílias.
  • Bruno Almeida: - Valeu, Edinei!!! Abraço. 
  • Essa foi a entrevista com Bruno Almeida, baixista na Banda Aeroplano. Para saber mais sobre a banda, ouvir e baixar as músicas, é só acessar os links abaixo:



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